9 de dez. de 2013

Devaneios


"Mas ela não tinha nada além daquelas ideias fixas, um pedaço de papel e alguns ombros oferecidos para o pranto. Não queria ser mal agradecida, mas até quando iria chorar ali? Tinha vergonha de suas lágrimas, seus medos infantis. Dos fantasmas do passado escondidos embaixo da cama. 

Ela dizia 'Vai ficar tudo bem', enquanto as ideias suicidas lhe pareciam um parque de diversões. Queria encher-se de coragem, preencher todo o oco de angústias com doses de esperança. Rabiscava furiosamente os papeis em sua volta, as mágoas desenhando-se em suas letras tremidas. Tomava um ou outro antidepressivo, só pra manter a consciência, só pra dizer que ainda estava tentando algo por si mesma, perguntando-se se havia mesmo uma droga para a felicidade, se havia um comprimido que lhe estampasse um sorriso verdadeiro na face cansada.


Feria-se cada vez mais no ácido de seus sentimentos, sem ter pra onde ir. No final, já não lhe restava nada.


Sozinha."

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