7 de mar. de 2014

Implodir


Eu sei que nove décimos de mim já morreram, mas eu guardo o décimo restante como uma arma.
Charles Bukowski


Desde sempre havia algo errado.
Em estar ali, ou não estar.
Em estar cheia de vazio, e vazia de saciedade. O vazio que ocupava, transbordava e regredia, devorando faminto minha alma. Amontoava falhas de mim, por todos os cantos internos que me desagradavam observar. Eu nunca fui boa em nada, mas sempre estive esperando algo melhor de mim mesma. Acostumei-me a misérias de alegria e boas doses de angústia. Já não me preocupava o futuro, se ele não seria pior que o presente. Eu sobreviveria, afinal, de uma morte diária, mesmo que os textos não fluíssem mais. No fundo, também nunca fui boa nisso também.
  Meu apego pela solidão parece doentio, a ponto de me sentir só na multidão. Precisava de algum sentido para arrastar os dias. Talvez essa fosse a raiz do problema. Precisava me agarrar àquelas coisas estúpidas, coisas da humanidade fútil, e viver. Viver e ignorar o vazio cheio. Simples.

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