16 de mar. de 2018

Vazio

Vazia, cheia.
Cheia de vazio.
Vazio que alimenta, que ocupa, transborda e regride, devora faminto um pedaço do meu nada que muito significa. Amontoa falhas de mim, por todos os cantos escuros, preenchendo e desvanecendo na incoerência das frases que não conversam com os meus lábios e tampouco são rabiscadas pelos meus dedos. Enfim, suspirei, e me lotei da imensidão de todos os abismos em que fui esquecida. E expirei as letras amassadas, os versos partidos, os verbos crispados sob os dedos dormentes. 
Eu estava tão dolorida!
Impaciente da vivacidade dos outros, dos olhares coloridos, dos perfumes exalados. Tudo resultava em pedra, e eu odiava... Odiava... Odiava até meu próprio ódio e o gosto sofrido da ponta da língua até o eriçar dos meus pelos. Havia me tornado cética, intolerante, com balbucios que vociferavam sem parar. Era mais uma dos que caminhavam descuidados, a passos soltos e com pontas soltas, pelos caminhos que não se escolhem batizados de destino.
Eu vejo o mundo de olhos fechados.

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